Hospitais que fazem parte da Iniciativa Hospital Amigo da Criança oferecem atendimento humanizado e estímulo ao aleitamento materno

Capacitação e acolhimento por parte da equipe multiprofissional faz a diferença no cuidado aos pais e recém-nascidos 

Brasília (DF) – Sophia Vitória nasceu às 00h17 do dia 18 de julho no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg). A mãe, Josiane da Silva Costa, apresentou o diagnóstico de pré-eclâmpsia e a bebê nasceu prematura, completando 28 semanas de gestação. Até receber alta, Sophia vai contar com o cuidado da equipe multiprofissional da UTI Neonatal do Hospital e com a presença da mãe em tempo integral, e do pai, Luís Ferreira de Santana, que visita regularmente a filha.

Esse cuidado é possível porque o HU-Furg faz parte da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), que garante o acesso e permanência dos pais da criança junto ao recém-nascido durante 24 horas por dia. A certificação está presente em diversos hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“Eu tiro o leite, com a ajuda das meninas do Banco de Leite Humano, que são super carinhosas, tranquilas, estimulam, conversam, me contam histórias de superação. Nunca tinha entrado aqui nesse Hospital, não esperava que fosse isso tudo. Todo mundo, desde o Banco de Leite, os médicos, enfermeiros, o pessoal da limpeza, todo mundo é bem-educado e prestativo, eu e meu marido amamos. Moramos no Sul há 12 anos e não sabíamos que havia um hospital público desse porte”, comenta Josiane Silva, mãe da Sophia e paciente do HU-Furg.

Humanização parte de toda a equipe

O HU-Furg, desde 2002, possui a certificação de Hospital Amigo da Criança. Segundo a nutricionista Grace Santos, que desde 2007 coordena a IHAC no Hospital, “para que a iniciativa tenha sucesso, é fundamental o envolvimento de todos os trabalhadores, desde higienização, portaria, telefonista, copeiras, serviço de nutrição, enfermagem, médicos, estudantes e gestão com este lindo tema que é a importância da amamentação para o desenvolvimento do bebê”, explica. Ela ressalta que o serviço é inteiramente gratuito, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Sophia tem evoluído bem, com três dias ela já aceitou o leite, além do soro e dos medicamentos que ela está tomando, começou com 3ml, agora está com 8ml. Os médicos se surpreenderam, porque disseram que tem nenéns que ficam 15 dias só no soro e ela no terceiro dia, graças a Deus, já aceitou o leite”, comenta Josiane da Silva, paciente do HU-Furg.

Segundo a neonatologista da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA), essa quantidade de leite é suficiente para os bebês prematuros extremos, como é o caso da Sophia, e a produção deve ser estimulada cada vez mais, pois cada gotinha importa. Na MCO, que também é certificada como Hospital Amigo da Criança, as equipes do Banco de Leite Humano (BLH) e da Comissão de Incentivo ao Aleitamento Materno Humano (CIAM) realizam visitas diárias às enfermarias, orientando as puérperas sobre aleitamento materno e realizando acompanhamento intensivo àquelas que apresentam dificuldades.

“Temos o Ambulatório de Amamentação para acompanhar as pacientes que apresentem alguma dificuldade na amamentação após a alta. Esse ambulatório não atende só as pacientes da MCO, mas qualquer mãe da rede pública ou privada que necessite de ajuda para amamentação”, afirma a neonatologista Alena Jardim. A Maternidade também disponibiliza um espaço para as mães trabalhadoras que podem realizar a ordenha e armazenar o leite até a hora de irem para casa.

Atendimento interdisciplinar

No Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-UFES), o Banco de Leite Humano (BLH) é referência em todo o estado no manejo clínico da amamentação e oferta apoio para as trabalhadoras do Hospital e estudantes da UFES que precisam conciliar os estudos com o aleitamento materno.  

“O BLH do Hucam foi reconhecido pelo Ministério da Saúde, desde 2014, como Sala de Apoio à Amamentação e isso nós divulgamos amplamente no Hospital. Trabalhadoras e estudantes do Campus de Maruípe utilizam os serviços com grande frequência. Por meio de agendamento, elas comparecem de uma a três vezes ao dia para realizar a ordenha e armazenar o leite extraído”, comenta a coordenadora do BLH do Hucam, Mônica Pontes.

O Banco de Leite, é campo de prática para os projetos de extensão da UFES, disponibilizando assistência interdisciplinar aos recém-nascidos, como é o exemplo do Ambulatório de Motricidade Oral, no qual os bebês que apresentam dificuldade na amamentação são acompanhados, junto com a equipe de Fonoaudiologia e o BLH. Há também um projeto conjunto com o serviço de nutrição, que atende mães com suspeita de APLV (alergia à proteína do leite de vaca).

“O atendimento interdisciplinar é o diferencial, pois temos Nutrição, Fonoaudiologia, Medicina e Enfermagem dentro do Banco de Leite, também estamos tentando a Psicologia. É importante que todos os profissionais sejam capacitados, pois todo mundo ciente dos serviços ofertados, é possível saber para onde direcionar essa mãe com dificuldade. Isso é muito importante, que todos os profissionais consigam apoiar a mulher no primeiro momento e saber encaminhar em caso de alguma situação mais específicas”, ressalta Mônica Pontes.

Com essas e outras iniciativas, o hospital caminha para a certificação de Amigo da Criança – iniciativa que auxilia famílias como a da Sophia, que em breve poderá voltar para casa e ser amamentada pela mãe. “Ela é o xodó da família, já está tudo montado no quarto dela, só esperando ela chegar”, conclui a mãe, Josiane da Silva.

A IHAC

Com o objetivo de diminuir a morbimortalidade infantil por meio do incentivo ao aleitamento materno, a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é um selo de qualidade conferido pelo Ministério da Saúde aos hospitais que cumprem os 10 Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno instituídos pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para conseguir a certificação, a instituição deve, entre outros critérios, garantir livre acesso à mãe e ao pai junto ao recém-nascido, durante 24 horas por dia; cumprir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira Infância (NBCAL) e transmitir à toda a equipe a política hospitalar voltada ao cuidado da mulher e da criança.

Por Imprensa Rede Ebserh