O setor de energia é a bola da vez no segmento de operações de M&A
5 de outubro de 2023Processo de transição energética contemplará as start-ups altamente especializadas
Percorrendo uma trilha contrária de outros segmentos mais tradicionais da economia, onde o mercado de fusões e aquisições (M&A) está pouco aquecido, o setor de energia entrou no radar de investidores e de grandes empresas, principalmente ao que se refere às start-ups altamente especializadas, que veem ganhando relevância no processo de transição energética.
“É um mercado amplo, que inclui atividades e tecnologias correlatas que contribuem para a transição energética. Estamos falando de operações envolvendo, por exemplo, hidrogênio livre, combustíveis alternativos, biomassa, tecnologias para armazenamento de energia, tecnologia na eficiência de edificações, reaproveitamento de resíduos sólidos, entre outros”, pontua a advogada Natalie Sequerra, do escritório Graça Couto, especializada em M&A e que estuda de perto o segmento de energia.
De acordo com a advogada, em 2022, start-ups que apresentaram soluções renováveis foram as que mais receberam investimentos, de US$ 62 milhões (mais de R$ 300 milhões). Apenas no primeiro trimestre deste ano os investimentos somaram R$ 327 milhões.
Para o Poder Público, ressalta, esse mercado se torna também muito estratégico, basta ver algumas medidas recentes, como a criação do Comitê de Transição Energética pelo Congresso. “O Brasil, que já ocupa uma posição estratégica vantajosa em relação a países da Europa e EUA, vislumbra grandes oportunidades pela frente, como por exemplo, se tornar um exportador de hidrogênio verde ou ficar à frente na comercialização do mercado de carbono”, conclui
Energytechs
Ela lembra inclusive que grandes companhias já se movimentam e estão investindo em energytechs como forma de absorver a expertise dessas empresas miúdas mas com grande potencial de crescimento. “Existe um volume de recursos de grandes empresas direcionado para essas operações envolvendo as chamadas energytechs”, reforça Natalie, lembrando que a Vale, por exemplo, criou a Vale Venture, seu braço de Corporate Venture Capital (CVC), anunciando o montante de US$ 100 milhões (R$ 500 milhões) para investir em soluções sustentáveis para incorporar em suas operações, entre as quais, descarbonização na cadeia de mineração.
Segundo levantamento da Liga Ventures, de julho de 2023, existem atualmente 241 energytechs ativas no Brasil. Os segmentos que mais se destacam são os de eficiência energética (com 45 empreendimentos), geração compartilhada (44), data analytics (29) e gestão de consumo (26). Grande parte desses projetos está nas regiões Sul e Sudeste, sendo que São Paulo concentra o maior número de startups (34% do total), seguido de Minas Gerais (13%), Santa Catarina (12%), Rio de Janeiro (10%); e Paraná (10%).
Natalie ressalta, no entanto, que a busca por essas startups não se restringe ao segmento de renováveis, mas perpassa todo o universo que contribua para uma matriz mais independente, como a adoção de tecnologias. Esse parece ser o caso da Auren Energia, que adquiriu 15% do capital social da Flora Energia — startup que atua no segmento de Geração Distribuída (GD) compartilhada por meio de plataforma de marketplace. Esse é o terceiro investimento da Auren em empresas de inovação, tecnologia e ciência de dados no último ano. As outras duas são Aquarela e Way2, também empresas com foco em tecnologia e ciência de dados.
Movimento do mercado brasileiro no 1º trimestre de 2023
- M&A: O mercado transacional brasileiro registrou um total de 359 transações e movimentou R$ 24,4 bilhões
- PE: Em Private Equity, foram contabilizadas 19 transações e um total de R$ 609 milhões no período
- VC: No âmbito do Venture Capital, foram realizadas 101 rodadas de investimento, movimentando um capital de R$ 2,5 bilhões
Katia Luane | Assessoria de imprensa