Os planos de MS para se consolidar na celulose e citricultura e avançar para o próximo passo: o amendoim
26 de novembro de 2024Estado tem investido em uma série de estratégias que visam expandir sua base produtiva
Fabio Frattini ManziniAgrofy Newsrepórter freelancer
Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, aposta na diversificação. (Foto – Divulgação/MS)
Mato Grosso do Sul tem se consolidado como um dos principais polos do agronegócio no Brasil, com destaque para os setores de celulose e citricultura. Agora, o estado está se preparando para um novo desafio: o cultivo de amendoim.
Em entrevista exclusiva ao Agrofy News, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, falou sobre os investimentos e estratégias adotadas para expandir a base produtiva do estado e posicioná-lo como um dos líderes do setor agropecuário nacional.
“Temos aqui um ambiente favorável ao setor privado, onde criamos uma cronologia eficiente. Qualquer empreendimento no estado passa por uma avaliação das políticas fiscais, do tempo de licenciamento, dos impactos regionais e municipais, envolvendo os municípios e considerando também os impactos sociais”, explicou o secretário.
Verruck destacou o compromisso do estado com a sustentabilidade, evidenciando a clareza no posicionamento do estado sobre o desenvolvimento sustentável, o que tem atraído investimentos.
“Atualmente, temos uma previsão de R$ 109 bilhões de investimentos do setor privado em Mato Grosso do Sul, com grande destaque para o setor florestal”, afirmou.
Setor Florestal: Crescimento Sustentável
No setor florestal, Mato Grosso do Sul já ultrapassou 1,6 milhão de hectares de eucalipto plantados, com crescimento contínuo.
O estado se consolidou como um dos maiores polos produtores de celulose do mundo, com fábricas de grandes empresas, como Eldorado e Suzano.
“Temos hoje quatro fábricas em funcionamento e uma quinta em terraplanagem, além de uma em processo de licenciamento, a Bracell. Em breve, anunciaremos a sétima fábrica, que será a expansão da Eldorado”, explicou o secretário.
Além disso, o estado está investindo fortemente em infraestrutura, com mais de R$ 2 bilhões destinados à melhoria das rodovias da região, conhecida como a “Rota da Celulose”.
“A logística e a qualificação de mão de obra são desafios prioritários para sustentar o crescimento do setor. Estamos capacitando profissionais, como motoristas de caminhões especializados, através de programas com o Senai, Senac e o Sebrae”, comentou Verruck.
O objetivo é expandir para mais de 2,5 milhões de hectares dedicados ao cultivo de eucalipto até 2032, consolidando o estado como o maior produtor de celulose do Brasil.
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A“Rota da Celulose” é um projeto que envolve mais de 860 km de rodovias para facilitar o escoamento da produção.
“O ‘Vale da Celulose’ não é apenas uma concentração de fábricas, mas um conceito de gestão inovadora, que envolve pesquisa e sustentabilidade. É um setor hoje que eu considero maduro no estado de Mato Grosso do Sul e com alta capacidade ainda de expansão pela disponibilidade de terras especialmente nas áreas de pasto, não necessariamente degradados, mas em cima de uma área de pecuária,na chamada Nossa Costa Leste”, explica.
Citricultura: O Novo Eldorado
Mato Grosso do Sul também tem se destacado no setor da citricultura, especialmente com a produção de laranja.
“Foi uma oportunidade que surgiu e que estamos trabalhando para consolidar nos últimos quatro anos”, contou o secretário.
Com a epidemia de greening nos pomares de São Paulo, o estado viu uma oportunidade de expandir a produção de laranja e, por isso, firmou convênios com a Fundecitrus e implementou uma legislação rigorosa para combater a doença.
O estado também criou programas de qualificação de mão de obra para a cultura.
“Estamos implementando um processo rigoroso para controlar a doença da laranja e promover a capacitação técnica.
Com isso, nos posicionamos como um novo polo de citricultura no Brasil”, disse Verruck.
Hoje, Mato Grosso do Sul conta com 30 mil hectares de laranja a serem produzidos, com a expectativa de que, nos próximos 4 a 5 anos, o estado se torne um dos maiores produtores de citros do país.
O governo também prevê atrair a indústria de sucos para complementar a cadeia produtiva.
Na semana passada, o Grupo Cutrale, líder mundial na produção de suco de laranja, iniciou a primeira fase de um grande projeto em Sidrolândia, com a previsão de atingir 4,8 mil hectares até 2026.
Outros grupos, como o Agro Terena e o Grupo Junqueira Rodas, também estão investindo em citricultura no estado.
Na semana retrasada, o Grupo Moreira Sales anunciou um investimento de R$ 1,2 bilhão em Ribas do Rio Pardo, próximo a Água Clara, com previsão de colher 8 milhões de caixas de laranja. .
O Próximo Passo: amendoim
Além da celulose e citricultura, Mato Grosso do Sul já está se preparando para diversificar ainda mais sua produção agrícola, com foco no cultivo de amendoim.
O estado já ocupa mais de 30 mil hectares com a cultura do amendoim e se consolida como um dos principais produtores do Brasil.
“O cultivo de amendoim é uma nova aposta. Estamos trabalhando para expandir a produção e fortalecer a indústria de beneficiamento, com projetos já em andamento em parceria com empresas de São Paulo, como a Casul”, afirmou Verruck.
A Casul investiu cerca de R$ 117,52 milhões para a instalação de uma unidade industrial de secagem e beneficiamento de amendoim no município de Bataguassu
A estratégia do governo é diversificar a base produtiva, ampliando a capacidade agrícola do estado e incentivando o desenvolvimento de novas indústrias, como a de beneficiamento de amendoim.
“Estamos diversificando nossa produção e acreditamos que o amendoim tem grande potencial no estado”, completou o secretário.
Compromisso com a Sustentabilidade
Mato Grosso do Sul tem um forte compromisso com a sustentabilidade.
O estado visa se tornar carbono neutro até 2032, com iniciativas que incluem a captura de carbono, regulamentação do mercado de carbono e ações no setor de bioenergia.
O governo exige que todas as propriedades com atividades licenciadas no estado apresentem um balanço de carbono e mantenham a validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), além de preservar as Áreas de Preservação Permanente (APPs).
O estado se posiciona como um modelo de desenvolvimento agropecuário sustentável, com foco na gestão responsável dos recursos naturais e na criação de um ambiente de negócios atraente para novos investimentos.
Além de liderar setores estratégicos como celulose e citricultura, Mato Grosso do Sul já traça os próximos passos para se consolidar como um polo agroindustrial ainda mais forte, com destaque para a diversificação agrícola e o cultivo de amendoim.
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