Por onde começar a recuperação

23 de agosto de 2022 Off Por Ray Santos
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Saiba o que antecede uma crise financeira e como se dá o processo de recuperação

Grande parte das empresas brasileiras ainda enfrenta os reflexos da pandemia junto à crise econômica delicada que afeta o mundo todo. Como se recuperar enquanto enfrenta as dificuldades atuais?

Carlos Moreira, conselheiro administrativo com experiência no mercado corporativo de mais de 36 anos e como consultor na MORCONE Consultoria Empresarial, devolvendo às empresas saúde financeira e autonomia para seguirem crescendo no mercado, traz alguns pontos importantes quanto à recuperação de empresas em crise.

Análise com mais de 200 mil pequenas empresas (com até 250 funcionários e faturamento anual inferior a US$ 10 milhões) realizada pela plataforma norte-americana de crédito para pequenos negócios, Biz 2 Credit, mostrou que o nível de digitalização foi o que diferenciou os negócios que conseguiram ou não se recuperar da grave crise provocada pela pandemia.

O que vem antes de uma crise financeira?

Antes de entrar no assunto recuperação de empresas em crise é preciso compreender o que precede uma crise financeira e geralmente crises são resultados de estágios progressivos de dificuldades que estão unidos a decisões erradas, problemas no momento da implementação de estratégias ou podem também ser resultado da falta delas.

No dia a dia da empresa, os problemas costumam ser:

  • Queda crescente nas vendas;
  • Dívidas altas que passaram do limite;
  • Empresa não consegue ver o lucro no final do mês;
  • Falta de dinheiro para pagar colaboradores;
  • Atrasos no recolhimento dos impostos;
  • Despesas fixas altas.

Quando a empresa se encontra nesse cenário é quando existe a necessidade de reestruturar financeiramente o negócio.

Recuperação de empresas em crise – quando é o momento?

A recuperação de empresas em crise essencialmente passa pelo diagnóstico detalhado da situação financeira do negócio.

Fluxo de caixa

O fluxo de caixa é uma das primeiras análises realizadas e, quando chegamos a esse momento, é preciso seguir alguns passos como a identificação de todas as receitas (operacionais e não operacionais); das despesas e dos custos (classificados por ordem de prioridade), dos estoques e também das dívidas, levando em conta todos os detalhes como valor tomado, prazo de pagamento, juros e garantias envolvidos.

Esse é o início da análise financeira de uma empresa, fundamental para identificar se ocorrem gastos desnecessários, se existem custos que possam ser reduzidos, gargalos que ocasionam em prejuízos, entre outros fatores que fazem com o que a organização esteja no vermelho.

O fluxo de caixa com projeção de médio a longo prazo é importante para auxiliar as organizações a adaptarem o plano financeiro de acordo com os objetivos da empresa. Essa é uma ferramenta de gestão imprescindível que auxiliará em tomadas de decisão como novos investimentos. Sem fluxo de caixa adequado empresas não têm presente e nem futuro!

Revisão de custos operacionais

Quando negócios enfrentam crises, é comum o desequilíbrio entre o que se ganha e o que se gasta, o que leva muitas organizações a enormes prejuízos, podendo, inclusive, ocasionar em falência. E não se trata apenas da análise dos custos de vendas, afinal, não serão só eles os responsáveis para o pagamento dos custos fixos em um negócio, sendo assim, todos os custos devem passar por reavaliação.

No momento de traçar o plano de recuperação de empresas em crise, todos os custos fixos precisarão ser analisados para a definição do que pode ser revisto, além disso, com os custos variáveis deverá ocorrer o mesmo.

É com essa análise minuciosa que serão revistas as despesas e possível redução de gastos sem prejudicar a empresa.

Revisão de preços

A precificação é outro drama de muitas empresas e existem muitos casos em que a empresa está vendendo bem, mas quando vende com um preço inferior ao praticado no mercado, terá prejuízo e não lucros.

A projeção de vendas para cada período é fundamental, porque possibilita ao empresário uma estimativa segura sobre quanto cada produto/serviço deve contribuir para a lucratividade de uma organização.

Tome muito cuidado com soluções de curto prazo       

Muitos gestores, diante do problema em suas empresas, querem soluções de curto prazo e, nesse anseio de resolver os “sintomas” esgotam todas as soluções de curto prazo, dentre elas: antecipação de recebíveis ou contratação de empréstimos sem a devida análise a juros exorbitantes.

Pensar no aumento de vendas como estratégia para gerar mais caixa nem sempre será a solução, em alguns casos, inclusive, o mais indicado é vender menos e vou te explicar o porquê. Grande parte das vendas requer algum capital de giro e a empresa passando por uma crise pode não ter este recurso e quando segue com contratos que apresentam risco de inadimplência e baixo retorno financeiro, isso pode comprometer ainda mais o seu funcionamento, afinal, aumenta-se a mão-de-obra, matéria-prima ou suprimentos para garantir uma entrega, sem a segurança do retorno.

Em muitos casos, é muito mais recomendado diminuir a quantidade de clientes, contratos, etc., para em contrapartida, diminuir os riscos. E isso demandará uma reestruturação de gastos.

Outro ponto importante a se refletir quando se trata da recuperação de empresas é a questão do conhecimento em gestão por parte da administração do negócio. É fundamental que todas as pessoas envolvidas com a empresa passem por constante aprendizado, reciclando conhecimentos e que estejam por dentro das principais tendências de mercado.

Para estes casos: mentoria ou consultoria?

Em um momento de crise, não fique parado, é preciso fazer movimentos assertivos e procurar por auxílio especializado é um deles.

Já atendi casos em que o gestor estava passando por uma crise financeira resultado de anos atrás e buscava por mentoria, o que não era o mais recomendado, pois essa especialidade é mais indicada para orientações pontuais dentro da realidade da empresa.

Na mentoria, o empresário deseja dicas práticas em um cenário em que o negócio está vivenciando uma realidade de equilíbrio da gestão no geral. Já em casos mais complexos, de uma crise na gestão financeira resultado de dificuldades progressivas de anos anteriores, o recomendado é a consultoria empresarial.

A consultoria empresarial tem como foco atender com profundidade a empresa, mergulhando em seu contexto, na raiz de problemas, ou seja, o atendimento ocorre em esferas mais densas.

O primeiro passo para a recuperação de empresas em crise é a consciência da necessidade de ajuda e estar disposto a realizar mudanças. Você está pronto para isso?

Por Daiana Barasa


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