Quais setores devem continuar a atrair a atenção dos investidores brasileiros?

20 de outubro de 2022 Off Por Ray Santos
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De acordo com o levantamento mensal Startup Index Brasil, realizado pela Sling Hub, plataforma de inteligência de dados sobre o ecossistema de startups latino-americanas, em agosto tivemos 46 rodadas de investimento nas startups brasileiras, o que movimentou US$436 milhões. Ainda que seja um valor alto, é cerca de US$1 bilhão menor que o total registrado no mesmo período do ano passado.

Apesar dessa redução e uma série de demissões vividas pelo ecossistema, nem todos os setores estão sendo negativamente afetados. Pensando nisso, listamos 10 áreas promissoras e que devem continuar a crescer nos próximos anos. Confira:

Saúde

Segundo levantamento realizado pela Startup Scanner, ferramenta da Liga Ventures, em parceria com a PwC Brasil, existem atualmente 529 healthtechs no Brasil. “Mesmo com o cenário de recessão, o mercado de saúde segue evoluindo constantemente. Por ser um segmento essencial para a sociedade e que segue demandando inovação, deve continuar em constante expansão por muito tempo”, observa Guilherme Massa, co-fundador da Liga Ventures.

Além disso, de acordo com André Brandão, CEO da Medictalks, a área é vasta, o que exige o surgimento de soluções para diferentes pontas. “Ainda há muito o que ser explorado, e como a cada dia há novas descobertas, é uma área que sempre estará em alta, necessitando de inovações e profissionais preparados”, diz.                   

Já para Cadu Lopes, CEO da Doctoralia, o investimento em tecnologias cada vez mais eficientes na área é imprescindível para garantir uma jornada realmente focada no paciente. “A inovação é uma grande aliada por oferecer uma redução do tempo de permanência do paciente em clínicas, hospitais e pronto atendimentos. Por isso, acredito que o segmento estará cada vez mais na mira de grandes investidores nos próximos anos”, explica.

RH

Na contramão do mercado, o segmento de RH não sofreu com a crise, pelo contrário:  em setembro, a TOTVS anunciou a aquisição da HRtech Feedz por R$ 66 milhões. Para Samir Iásbeck, CEO e Fundador da Qranio, esse é um dos exemplos que mostram como o setor ainda deve crescer. “A pandemia trouxe muitas mudanças no universo corporativo que incentivaram a criação de startups que atendessem às novas demandas de trabalho e comportamento. Estamos vivendo um novo momento e as HRtechs são extremamente necessárias para auxiliar essas transformações”, analisa.

Educação

Outra área que passou por mudanças de 2020 para cá foi a educação. Com a popularização do EaD e das universidades corporativas houve um avanço no investimento em edtechs: recentemente, a Alura anunciou a compra da FIAP, e com isso já prevê um faturamento de R$ 420 milhões apenas este ano. “Embora esse valor seja menor do que o registrado no mesmo período em 2021, ainda é muito significativo e mostra que o segmento está em expansão e sob os holofotes dos investidores”, pondera Mateus Magno, CEO da Sambatech,

Varejo

2022 tem sido um ano de inúmeros desafios para o varejo, sobretudo, no segundo semestre, quando projeta-se um faturamento de R$ 91,5 bilhões em vendas, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Para Jefferson Araújo, CEO da Showkase, entre os diversos setores, o de alta renda é o mais promissor, uma vez que as empresas voltadas para esse mercado ainda possuem um espaço significativo para crescer. O e-commerce revolucionou a jornada de compra do consumidor e as projeções estão cada vez mais otimistas para os próximos anos.

Finanças e fintechs

Os serviços financeiros customizados têm ganhado bastante holofote nos últimos anos. Exemplo disso é a Idez. A plataforma viabiliza que qualquer empresa crie e ofereça serviços financeiros customizados, sem a necessidade de um time técnico ou de lidar com questões regulatórias. “Nosso modelo consiste em uma licença inicial que o cliente adquire para ter a plataforma personalizada, uma assinatura pela ferramenta e tarifas transacionais, de acordo com o uso de sua base. Nesse modelo, o cliente pode criar suas próprias regras de negócios e gerar receitas por meio de serviços”, explica Maria Kopacek, co-fundadora da fintech.

Construção Civil

O setor da construção civil vive um dos momentos mais otimistas e projeta para 2023 um reaquecimento do mercado. “As startups revolucionaram a construção civil ao passo que introduziram novas ferramentas digitais capazes de integrarem as cadeias produtivas e minimizarem os impactos ambientais do setor. Estas soluções, a exemplo da madeira engenheira, trouxeram para o canteiro de obras mais estabilidade, resistência, leveza, precisão, sustentabilidade e, sobretudo, velocidade. Hoje o investidor que busca retorno sólido, rápido e sustentável, encontra na construção civil infinitas possibilidades”, afirma Nicolaos Theodorakis, fundador e CEO da Noah.

Além disso, de acordo com Vinicius Callegari, Co-fundador da GaussFleet, investir em tecnologias que permitam o monitoramento em tempo real das máquinas em campo, seja na indústria de base, é extremamente essencial para evitar diversos gargalos. “Esse investimento gera a possibilidade de observar índices importantes como queima de combustíveis, ociosidade das máquinas e até mesmo a forma de direção de cada motorista”, explica. 

ESG

Já o setor de ESG tem um enorme espaço para recebimento de capital. Segundo Amure Pinho, fundador do Investidores.vc, muitas startups de cleantech, energias sustentáveis e de fundos de investimento estão focadas em soluções de sustentabilidade, desenvolvimento social e de governança no âmbito nacional e terão foco cada vez mais dos investidores brasileiros.

Uma empresa que vem se destacando nesse segmento é a Vertown. “A plataforma faz a rastreabilidade dos resíduos gerados em toda cadeia produtiva. Desta forma, o negócio dos nossos clientes está sempre em compliance com a legislação. Além disso, fornece dados confiáveis para medição e melhoria dos  principais indicadores ESG, como emissão de CO2 e índice de reciclagem”, explica Guiarruda, CEO da empresa.

Imóveis

O setor de imóveis está em alta e a tendência é que continue em crescimento. “Mesmo em um cenário de juros mais altos, o mercado imobiliário, puxado pelos imóveis de alto padrão, continuou sólido e apresentando bons números ao longo do ano, o que tem feito brilhar os olhos de diversos profissionais e empreendedores. É fato que tecnologias para este segmento continuarão ganhando força, trazendo otimização para todos os processos, resultando em maior destaque no mercado. Há muitas inovações fantásticas vindo por aí”, conta Eduardo Menegatti, CEO da Vivalisto.                        

Outro destaque é o modelo de negócios on demand, cada vez mais utilizado no mundo empresarial. Atento às mudanças do mercado e as novas exigências dos clientes, o Grupo John Richard está revolucionando o setor mobiliário ao oferecer um serviço inédito a um novo tipo de consumidor: aqueles que estão abertos a mudanças, buscam mais independência e mobilidade. Fato é que os serviços por assinaturas estão se tornando cada vez mais prevalentes em quase todos os setores e a projeção é que este mercado atinja US$ 1,5 trilhão até 2025 – mais do que o dobro dos 650 bilhões registrados em 2020, de acordo com relatório da Lineup divulgado pelo site What’s New In Publishing.           

Indústria

O setor industrial nacional tem avançado, fazendo com que investidores brasileiros e estrangeiros olhem para o segmento de outra forma. “Estamos vivendo um momento histórico no qual, devido a acontecimentos econômicos mundiais e avanços internos, nossa indústria está passando a ser vista como uma ótima opção de investimento. O otimismo está ganhando força neste cenário e por isso, o momento é de indústrias aproveitarem para se aprimorarem e se automatizarem, buscando eficiência operacional e lucratividade”, informa Bruno Zabeu, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul.  

Quando olhamos para o segmento têxtil, a busca por investimentos nesse setor também vem crescendo consideravelmente. “A indústria têxtil no Brasil tem se movimentado positivamente nas questões de sustentabilidade e investir em tecnologias e frentes de trabalho pensando na melhoria de questões ambientais é um ponto de atenção para aperfeiçoamento da indústria. Hoje, já existem no mercado peças com apelo 100% sustentável, assim como malhas recicladas e até mesmo de origem orgânica. Acredito que esse será um grande diferencial para os próximos anos”, afirma Ricardo Axt, CEO da Texneo

Agronegócio

Um levantamento feito pela Gartner, propõe que até o final deste ano, mais de US $4,5 trilhões serão gastos no setor de T.I, um crescimento de 5,1% se comparado ao ano passado. De acordo com Paulo Melo, Doutor em design e, atualmente, Gerente Sênior do Manaus Tech Hub e de Novos Negócios no Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia, o setor da tecnologia em 2023 terá diversas vertentes muito atrativas para investimentos, como o Metaverso, Wearables e 5G. “A tecnologia digital vai conquistar ainda mais espaço dentro das organizações em 2023. Devido às novas tendências que estamos testemunhando, o interesse por soluções envolvendo Tecnologia da Informação e experiências remotas será uma realidade em cenários raramente lembrados como tecnológicos, como na agricultura e indústria. Este fenômeno vai resultar em uma maior demanda de profissionais do ramo tecnológico, como designers e programadores de Softwares, a maioria deles, pertencentes a Geração Z”, comentou.

Piar Group,.


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