ABCCC ingressa em 2023 com foco no crescimento e acolhimento à família crioulista

ABCCC ingressa em 2023 com foco no crescimento e acolhimento à família crioulista

20 de dezembro de 2022 Off Por Ray Santos
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Nova gestão quer priorizar a escuta ao sócio e a integração com outras culturas

Após dois anos lidando com protocolos sanitários rígidos, o ano de 2022 trouxe normalidade às pistas do cavalo Crioulo. Houve um acréscimo no número de competidores e animais participantes, bem como a retomada da presença das famílias nas atividades promovidas pela Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). E é com esta aura de acolhimento que a atual gestão quer ingressar em 2023, mantendo a expansão da raça para outros estados e integrando os amantes do cavalo até mesmo com novas provas.

Empossado presidente para o biênio 2022/2024 pouco depois das provas finais do ciclo 2022, César Hax viu o movimento da Expointer deste ano lotar as arenas do cavalo Crioulo praticamente todos os dias, durante o evento. “A gente teve no primeiro final de semana a Morfologia e, no segundo, o Freio de Ouro. Foi uma novidade para nós e que eu entendo como um grande ganho que a raça teve. Se conseguiu uma maior visibilidade, maior tempo de exposição da raça, tempo para as pessoas conviverem mais, para as mídias, para os patrocinadores, enfim, para todo mundo que frequentou o evento”, relembrou o presidente. Ainda não é certo que o modelo seja repetido no próximo ciclo, pois foi uma mudança em razão dos 90 anos da entidade e 40 anos do Freio de Ouro. Contudo, uma enquete está sendo realizada pela ABCCC para  esta definição. “Torço para que fique”, confessou.

Ainda sobre os anos de convivência com a Covid-19, o presidente lembrou dos antecessores. Segundo ele, a Associação ter conseguido cumprir, mesmo durante a pandemia, com todas as suas finais, foi consequência da ação do ex-presidente Francisco Fleck. “Ele conseguiu estabelecer um protocolo sanitário irretocável que serviu de exemplo e avanço na gestão do negócio. Eu acho que, daqui a dez, 15 anos, quando a gente relembrar só como o fato da pandemia, ela, em termos de raça, não deixou nenhuma lacuna a ser preenchida. Todas as finais de todas as modalidades aconteceram com menos gente, com mais gente, com algum desconforto, mas aconteceram”, avaliou César Hax.

Já sobre provas esportivas (Freio Jovem, Freio do Proprietário, Paleteada e outras), César Hax disse terem sido o grande destaque do ano. “A retomada do público trouxe um ambiente diferente, de acolhimento e de extrema necessidade das pessoas de voltarem a este convívio”, ressaltou. O dirigente lembrou que foram provas com grande número de competidores, tendo o Freio Jovem, por exemplo, mais de 150 competidores. “Se a gente colocar na conta que de 8 a 10 pessoas acompanham uma criança, seja a dinda, o pai, a mãe, o irmão ou o avô, então, obrigatoriamente a gente tem que criar um ambiente que seja favorável a essas pessoas que nem sempre são apaixonadas pelo cavalo. A paixão delas é a pessoa que está competindo. Precisamos criar um círculo virtuoso ao redor disso para que as pessoas se sintam bem, para que possam curtir os momentos de intervalo de provas”, avaliou. Hax tem a certeza de que este ambiente foi criado e que é fundamental sua manutenção para os próximos eventos. “Essa convivência é fundamental para que a gente consiga prosperar e trazer um público novo, público, que possa gostar do ambiente e, consecutivamente, gostar do cavalo”, complementou.

Ao relembrar a experiência de acompanhar o neto Ramiro, durante os dias de provas do Freio Jovem, César Hax afirmou que a prova é mais do que um despertar para novos criadores, ginetes ou apenas usuários do cavalo Crioulo. “Ela é um vestibular que coloca aquelas crianças à prova, à prova de autocontrole, de se desafiar, de respeitar regulamento, de acatar uma nota, enfim, no meu entendimento, ela tem um significado tão grande que eu a reputo como a principal prova da raça, por aliar regramento, paixão e convivência”, disse.

À frente de um grupo composto por algumas pessoas que, pela primeira vez, estão sentando à mesa para a tomada de decisões dentro da entidade, César Hax vê que a nova gestão traz um conceito novo, com um entendimento diferente. “Para o próximo ciclo, que já está em andamento, o que esta nova diretoria vai fazer é buscar entender o que o associado, o usuário querem”, afirmou. Para ele, o grande desafio, contudo, é o crescimento. “Crescimento ao centro do país, evidentemente, sempre com as modalidades esportivas, o desafio é de trazer pessoas de outras regiões para dentro de Esteio e para participar das nossas seletivas e ali evidenciar, além da nossa nossa capacidade de raça, a nossa capacidade como instituição, a nossa capacidade de irradiar cultura, temos como obrigação trazer essas pessoas de fora, conviver um pouco mais”, explicou.

Como novidade para 2023, a ABCCC estuda regras para inclusão de uma nova modalidade para a raça: Vaqueiro. “Esta prova é baseada no Working Cow Horse, que é uma prova norte-americana, onde tem a lida com gado e a parte técnica do ginete. O vice-presidente de Provas Esportivas, Fernando Gonzales, tem uma expectativa muito boa. É uma prova em que a gente pode avançar um pouco mais, porque nos permite entrar em outras culturas. Tem um misto de rédea, de apartação e não tenho dúvida nenhuma que ela vai nos trazer um número de participantes muito significativo já no primeiro ano,” garantiu o presidente César Hax.

Sobre o mercado do cavalo Crioulo, Hax afirmou que talvez os criadores se percam um pouco quando fazem da sua oferta a regra de mercado. “Nem sempre é assim. O mercado regra as demais ofertas e temos que entender o que o mercado quer”, explicou. Ele exemplificou que animais domados com algum tempo são animais mais prontos, mais mansos, mais calejados, e que sempre que são colocados à venda, têm mercado garantido. Já a égua de cria tem um mercado um pouco mais reduzido porque quem vai comprar são os criadores. “A gente tem algumas complexidades que precisamos entender para chegar nos mercados mais remuneradores, mais agregadores de valor. Mas eu não tenho dúvida que o mercado sempre é crescente, como o de genética, por exemplo. Os grandes criatórios são aqueles com mais destaque nas provas. Nas provas seletivas também não tem problema algum, porque vendem genética, vendem um material diferenciado, construíram uma história de resultados. Então, todo mundo quer um pedaço daquela genética”, avaliou. 

Foto: Paulo Rossi/Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective

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